Quem são os sábios que viraram nomes de ásanas

As posturas de yoga, os ásanas, têm nomes provenientes de diversas origens. Alguns simplesmente descrevem a postura, outros são nomes de animais, de objetos ou mesmo de pessoas ou seres mitológicos.

Muitas das posturas que praticamos hoje homenageiam grandes sábios da Antiguidade, apontados como responsáveis pelos textos e ensinamentos clássicos que sustentam a cultura hindu e formam a base da filosofia do yoga.

A seguir, veremos a história de cinco desses sábios que deram nomes a posturas muito conhecidas nos estúdios e escolas de yoga de todo o mundo e se popularizaram nas redes sociais. Além de perpetuar os homenageados, esses ásanas têm em comum a necessidade de uma prática constante e disciplinada para serem executados. Exigem força, flexibilidade, equilíbrio e concentração, nada diferente do nosso cotidiano, não é mesmo?

Ashtavakra

De acordo com as Puranas, textos que reúnem boa parte das historias e mitos hindus, Ashtavakra teria sido amaldiçoado pelo próprio pai enquanto ainda estava no ventre da mãe.  O pai gostava de estudar e recitar mantras sagrados para sua esposa grávida. Mas certo dia, teria errado a pronúncia de um verso. O feto, que já demonstrava muito conhecimento, percebeu o erro e rindo, de dentro da barriga, corrigiu o pai. Sentindo-se desrespeitado e ofendido, o pai amaldiçoou a criança a nascer com o corpo cheio de deformidades.

E assim aconteceu.

Quando o bebê nasceu, seu pequeno e frágil corpo era torto e parecia formar oito curvas. As mãos, os pés, os joelhos, o tórax e a cabeça eram disformes. O menino recebeu o nome de Ahstavakra – ashta signica oito e vakra significa curva ou deformidade.

Ahstavakra cresceu dedicando-se aos estudos fervorosamente. Quando era adolescente, seu pai foi desafiado a participar de um debate sobre Vedanta na corte do Rei Janaka. Ele foi derrotado e condenado à morte. Para salvar o pai, Ahstavakra foi ao palácio real e debateu com os grandes sábios do reino. Admirado com tanta sabedoria, o rei Janaka perdoa o pai de Ahstavakra e convida o menino a fazer parte de sua corte e se tornar professor do próprio rei.

A partir dessas conversas entre o jovem sábio e Janaka, surge o Ahstavakra Gita ou Ahstavakra Samhita, um tratado sobre o Eu e o caminho para o autoconhecimento. 

A história de Ashtavakra também aparece no épico indiano Mahabharatha, que conta as desavenças entre os cinco irmãos  Pândavas e a guerra contra seus primos Kauravas.

Durante o exílio na floresta, os Pândavas passam pelo rio sagrado Samangha e lá conhecem o brâmane Lomasa que conta a eles a história de Ashtavakra. De acordo com Lomasa, Ashtavakra cura-se das enfermidades ao mergulhar no rio, depois de salvar o pai da morte.

Vashista e Vishvamitra

Vishvamitra era um rei que queria ser sábio e dedicava-se com muita disciplina a buscar conhecimento. Mesmo assim, deixou-se tomar pela ganância. Conta a história, que depois de uma guerra contra um reino vizinho, Vishvamitra estava com todo seu exército faminto. Ele dirigiu-se ao ashram do sábio Vashista, que vivia com seus discípulos de maneira simples, mas com abundância suficiente para sustentar a todos.

Vashista é considerado um dos sete grandes Rishis, filho da mente de Brahma, nascido na criação do Universo. Ele é guardião da vaca sagrada Kamadhenu, aquela que tudo pode oferecer. Vashista também é apontado como mestre de Rama, no épico Ramayana.

Quando o rei Vishvamitra chegou ao ashram com centenas de homens e animais famintos, Vashista pediu a Kamadhenu que providenciasse comida para todos.

E assim aconteceu.

Todo o exército foi alimentado fartamente.  Diante daquela abundância, o rei disse ao brâmane que levaria a vaca com ele. Afinal, o brâmane possuía tudo o que necessitava, já o rei precisava de muito para sustentar seu exército e sua corte.    

Vashista explicou ao rei que a vaca não podia ser doada, que ela era como sua mãe ou sua irmã e que ele era responsável por ela. Mas Vishvamitra ignorou as palavras do sábio e roubou a vaca.

Kamadhenu sentiu-se ofendida e contrariada e deu um jeito de voltar para o sábio. Quando o encontrou, ela o questionou sobre o motivo de ele ter sido omisso e ter permitido que o rei a levasse.

O sábio argumentou que não era um guerreiro, por isso, não tinha como lutar contra o rei. Kamadhenu, então, forneceu um exército poderoso a Vashista. Vishvamitra foi derrotado e voltou para seu reino sem a vaca sagrada, mas com um aprendizado: não se deixar dominar pelos desejos e pela ganância. 

Marichi

Conta a historia que Brahma chocou o ovo cósmico dentro de sua própria mente durante um ano. Esse ovo se rompe e dele surgem o céu, a atmosfera e a terra. Dessa criação, também nascem os sete grandes sábios ou Rishis.

Marichi é um desses rishis, filhos da mente de Brahma, que possuem a missão de povoar o mundo.

Esses sete sábios receberam os versos dos Vedas, os ensinamentos e mantras sagrados que sustentam toda a cultura védica, diretamente do próprio Brahma. Marichi teria sido o primeiro a receber os Vedas e, portanto, é considerado o fundador do Vedanta.

Marichi significa raio de luz. Ele é conhecido como avô de Surya, o Sol. Os ensinamentos de Marichi nos levam a refletir sobre nossas condutas, nossas reações diante dos acontecimentos e também sobre nossa criatividade.

Koundinya

Alguns textos antigos apontam Koudinya como sábio da corte de Yudhistira, o mais velho dos irmãos Pândavas. Outros textos afirmam que Koundinya foi professor de Sidarta Guatama, o Buda. Nas duas versões, Koundinya aparece como um sábio que segue o Dharma e cumpre todas as suas obrigações.

A história budista conta que quando o bebê Sidarta nasceu, Koundinya previu que o menino seria uma pessoa especial e iluminada. O sábio era professor e responsável pelo desenvolvimento do jovem e o acompanhou em suas peregrinações pelo reino, quando Sidarta descobre o mundo fora do palácio do pai.

Koundinya também estava ao lado de Sidarta durante o longo processo de meditação que culminou com a iluminação de Buda. Koundinya foi o primeiro a ouvir os ensinamentos de Buda e se tornou o primeiro monge budista.  

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