Muita gente ainda hoje associa a prática de yoga a algo bem hippie. Vem logo aquela imagem dos gurus da década de 1960, dos jovens alternativos, do estilo de vida “paz e amor”. Para essas pessoas, é só entoar o mantra o OM, sentar com a coluna ereta e meditar. Pronto: esta aí a fórmula do yoga. Outros acreditam que fazer yoga é se contorcer, quase que estar num treinamento para o “Cirque de Soleil”. Um terceiro grupo enxerga essa técnica apenas como um vigoroso exercício físico e procura a prática apenas para ficar com o corpo sarado.
Mas yoga é muito mais do que tudo isso. Ao mesmo tempo em que é uma atividade física, é uma meditação em movimento e é também uma filosofia de vida, que prega a harmonia entre os seres e a natureza, o respeito e a tolerância, a paz entre as pessoas. Portanto, praticar yoga não é só mexer o corpo ou tentar meditar. É adotar atitudes e comportamentos cotidianos, fora do tapetinho, que estejam em sintonia com esses princípios.
Os ásanas, que são as posturas físicas, são apenas um aspecto do yoga. Um aspecto importante, porque, para os orientais, nossa morada nesta existência é o corpo. Por isso, precisamos cuidar muito bem dele. Acredita-se ainda que, pelas mudanças no corpo, podemos atingir transformações mais sutis, que transcendem os níveis físicos. E o yoga, certamente, é capaz de operar maravilhas no nosso organismo. Um estudo recente, publicado no European Journal of Preventive Cardiology, mostrou que a prática de yoga é capaz, por exemplo, de proteger o coração.
Segundo esse estudo, fazer yoga é tão bom para o coração quanto praticar atividade aeróbica. A pesquisa mostrou que o yoga está relacionado com a redução dos fatores de risco para os ataques cardíacos, melhora os níveis de colesterol, ajuda na diminuição de peso e abaixa a pressão sanguínea. Os pesquisadores acreditam que isso se deve ao fato de que a prática de yoga reduz consideravelmente os níveis de estresse. Além disso, algumas sequências, como as saudações ao sol, promovem um trabalho aeróbico.
Outro estudo recente, divulgado na revista “Frontiers in Psychiatry”, mostrou que o yoga tem efeito positivo na depressão e nos distúrbios do sono, mesmo sem medicamentos, além de melhorar os sintomas associados à esquizofrenia e ao déficit de atenção. O autor da pesquisa, o professor de psiquiatria e medicina do Centro Médico da Universidade de Duke, P. Murali Doraiswamy, disse que as evidências científicas sobre essa prática milenar são promissoras em relação às doenças psiquiátricas. Segundo ele, o yoga não apenas ajuda a atenuar os sintomas, mas também tem papel importante na prevenção de males ligados ao estresse.
O estudo encontrou evidências de biomarcadores que mostraram as influências dessa prática em neurotransmissores, inflamações, estresse oxidativo, fatores de crescimento e gordura. “Houve avanço nos tratamentos com ou sem drogas. Se os benefícios do yoga fossem encontrados em um único medicamento, este seria o mais vendido no mundo”, afirmou Doraiswamy.
